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Olhares sobre a Revolução Farroupilha

19/09/2019
Cultura
Comemorado no Rio Grande do Sul. feriado de 20 de setembro reserva curiosidades

Por Ralph Schibelbein, educador de história dos Anos Finais e Ensino Médio.

 A história caracteriza-se por ser uma narrativa sobre algum fato que tenha ocorrido.  Desta forma, cabe salientar a diferença entre passado e memória. O passado segue sendo um só, porém ele pode ser interpretado de diferentes maneiras. Já a memória é uma arena de embates que pode ser constantemente (re) significada. A guerra civil travada entre o império brasileiro e o estado do Rio Grande do Sul que durou de 1835 a 1845 e colocou em jogo uma disputa predominantemente econômica foi um evento marcante do nosso país.

Essa revolta dos Farrapos ocorreu, principalmente, por causa da insatisfação dos estancieiros gaúchos com a política fiscal do governo nacional sobre o charque produzido aqui. Desta forma, a carne gaúcha recebia uma pesada taxa de impostos do governo, enquanto o que era produzido pelos uruguaios e argentinos tinha uma taxação bem menor. Somado ao descontentamento com os altos impostos e a concorrência com produtos externos, os revoltosos da elite estavam em desacordo com a centralização política do governo do Brasil, o que gerava pouca autonomia da província gaúcha.

A partir das ideias republicanas, parte do estado buscou formar a república Rio-grandense e sob lideranças de Bento Gonçalves, David Canabarro e Giuseppe Garibaldi, levaram a revolta contra o império também para Santa Catarina (formando lá a curta republica Juliana). O fim do conflito veio dez anos após o 20 de setembro de 1835, através do Tratado de Poncho Verde, em que os farrapos terminaram a revolta e aceitaram os termos propostos pelo governo brasileiro.

A forma de contar esse episódio foi sendo alterada ao longo dos séculos. Da revolução gaúcha pela república Riograndense até o conflito por interesse de grandes estancieiros, que traz o massacre dos escravos em Porongos, podemos ver o mesmo processo por diferentes ângulos. Cada época, motivada por distintos interesses, propôs variadas abordagens. Porém o que nos parece mais importante é celebrar o cuidado com o nosso pago, nossa cultura e o nosso povo. Um olhar que enxergue a contribuição dos indígenas, dos imigrantes europeus, dos africanos escravizados e de todos e todas que, ao passar dos anos, seguem construindo a nossa querência amada.​​​