O contato com a natureza faz parte do jeito de educar do nosso colégio. Pensando nisso, o projeto de ampliação do Marista Ipanema buscou preservar o bosque dos fundos de nossa estrutura, mantendo uma rica área verde. Além de contribuir com vantagens para o desenvolvimento dos estudantes, o bosque do nosso colégio ainda conta com a presença de uma espécie especial de orquídea: a Cattleya tigrina.
Ameaçada de extinção no Rio Grande do Sul e no Brasil, a Cattleya tigrina cresce e se reproduz forte sustentada pelas árvores presentes em nossa estrutura. Essa relação ecológica é chamada epifitismo, na qual a planta somente se utiliza dos galhos para dar suporte as suas raízes, sem retirada de nutrientes e sem causar qualquer tipo de prejuízo a árvore hospedeira.
A Cattleya tigrina recebe este nome devido a sua beleza exótica: suas flores têm coloração do verde ao marrom, uma única pétala rosada e apresentam manchas de aspecto tigrado. Podendo chegar a até 1 metro de altura, a planta tem suas folhas visíveis durante todo o ano. Já entre novembro e janeiro, ocorre a fase reprodutiva, caracterizada pelo surgimento de frutos e flores. Outra característica marcante da flor é o seu perfume, uma única planta pode exalar seu aroma por todo um ambiente.
Essas singularidades fazem com que a Cattleya tigrina seja um símbolo importante para o Marista Ipanema. Com sua força e simplicidade, conquista a toda nossa comunidade.
A casa ideal para a espécie
Bem adaptada à locais úmidos, a espécie Cattleya tigrina é nativa da região litorânea, no Nordeste brasileiro, no Sudeste e no Sul, sendo uma espécie bastante característica da Mata Atlântica.
A professora de biologia Ledyane Uriartt explica que o bosque do Colégio Marista Ipanema apresenta as condições ambientais ideais para o desenvolvimento dessa planta, principalmente pela proximidade do Lago Guaíba. "A Cattleya tigrina tem preferência por climas e ambientes que recebem a umidade de rios e lagos. Além de ter um crescimento lento e necessitar de um ambiente antigo e preservado, equilibrado quanto aos insetos polinizadores, umidade, luminosidade e qualidade do ar", ressalta.
A necessidade dessas condições e características específicas também é um dos fatores que torna a espécie ameaçada de extinção, como aponta o biólogo e doutor em Qualidade Ambiental Delio Endres Jr. "A Mata Atlântica é o bioma mais impactado do Brasil, restando cerca de 8% de hábitats bem preservados. Além disso, como floresce em período de temporada de praia, muitas plantas acabam sendo coletadas da natureza e vendidas por mateiros na região litorânea, causando danos às populações naturais desta espécie", destaca.
Preservação da espécie
Especialista na conservação de orquídeas ameaçadas de extinção, Delio é nosso parceiro na preservação da Cattleya tigrina no Colégio Marista Ipanema. O biólogo alerta para a importância de não retirar as flores e frutos da natureza, pois essa prática pode causar grandes impactos ambientais.
Em períodos adequados, Delio já realizou coletas para a multiplicação da espécie em laboratórios especializados, em um processo de acordo com a legislação ambiental. Assim, as plantas germinam a partir de técnicas de produtores especializados, ficando livres de infecções causadas por microrganismos patogênicos, e especialmente adaptadas a crescerem em vasos com substratos e adubos comerciais.
A presença dela no bosque do Colégio reforça a nossa participação em sua conservação. “Ao conservar a espécie, evita-se que ela entre em extinção e colabora-se com a variedade biológica na natureza. Diversos organismos interagem com a orquídea, e se ela deixar de existir, isso pode interferir na ocorrência de todos eles.", salienta a professora Ledyane.