Garatujas compreendem a fase inicial do grafismo das crianças, contribuindo para que elas possam encontrar formas mais próximas de representar a realidade. Esses rabiscos antecedem a fase do desenho figurativo e são também uma das formas das crianças expressarem seus desejos, sentimentos e de compreenderem o mundo ao seu redor. Em nosso Colégio, valorizamos e acompanhamos esses traços, que fazem parte do desenvolvimento na primeira infância.
O desenho é uma forma de manifestação simbólica das crianças. Essa função também pode ser chamada de inteligência representativa, e é fundamental para retratar o interior e se expressar. Isso é uma importante aquisição para a comunicação e relação com o outro, que pode ser fortalecida a partir das interações e vivências das crianças.
Nos desenhos infantis, ou grafismos, existem características que são instigadas durante a experiência, como noção de espaço e coordenação de gestos, que possibilitam diferentes traços, marcas e intensidade. Os desafios na estruturação do pensamento, como a projeção do mundo observado e para o que foi desenhado, a concentração, a atenção e a composição do desenho também merecem destaque.
Sabendo que as representações da função simbólica são a base para as construções futuras das crianças, como escrita, leitura, interpretação e criação, é preciso, assim, explorar suas potencialidades, a fim de ampliar seus repertórios. Existem vários tipos de desenhos, como espontâneo, contemplativo, figura humana, intervenção etc., sendo todos eles importantes nessa fase de apropriação e construção das crianças.
O acompanhamento das garatujas é feito de forma individualizada e personalizada por meio da coleta de desenhos de cada criança em determinados períodos do ano. Durante esse processo, são inseridos novos desafios e sugestões com uso de diferentes marcadores e objetos.
Garatujas: a prática no cotidiano do Colégio Marista Medineira
Considerando a importância do desenho no desenvolvimento infantil, nosso planejamento contempla, diariamente, tempo e oportunidades para o desenho. São disponibilizados diferentes riscadores, desde canetinhas, lápis, escovas, pinceis de diferentes espessuras, bem como os construídos pelas crianças e/ou educadores com elementos naturais e, até mesmo, as mãos e os pés. Os suportes também são escolhidos com critério, pois onde riscar pode despertar múltiplas aprendizagens. Alternar a distribuição dos suportes em diferentes planos (chão reto, inclinado, irregular, embaixo da mesa, envolvendo pés de mesa...) requer da criança diferentes estratégias para adequar os gestos. As tintas, desde as mais fluidas, como as aquarelas, às misturas de corantes alimentícios e elementos naturais também significam o ato de desenhar.
Podemos considerar, portanto, os desenhos iniciais das crianças como garatujas. Nessa fase, há o interesse na descoberta do efeito que o lápis tem sobre o papel e o predomínio da imaginação e do lúdico. Os grafismos infantis, dessa forma, fazem parte do desenvolvimento motor e sensorial das crianças. Além disso, são as primeiras manifestações do processo de escrita que serão desenvolvidos em sua vida escolar.