Nos últimos dias, a humanidade está perplexa com a chegada do novo coronavírus (covid-19). De uma hora para outra, a organização da vida que tínhamos como certa mudou. Num espaço de tempo bem curto, somos obrigados a ter um novo olhar, novas atitudes. As palavras fraternidade e vida se fazem mais necessárias que nunca. Ficar em casa faz-se necessário. É pouco cuidar somente de si. Também é preciso cuidar do próximo.
Se outrora, em família, fazíamos almoços de Sexta-feira da Paixão ou domingo de Páscoa com familiares vindos de longe, avós e netos reunidos; hoje, precisamos nos resguardar com uma celebração mais restrita, em pequenos grupos. Cada casa celebra com os seus para que, em breve, possamos todos celebrar novamente juntos.
Ir. Alfredo Crestani, no livro As múltiplas dimensões do cuidado, recorda que o cuidado das pessoas, das sociedades e da natureza será a atitude mais adequada e imprescindível para a nova fase da história da humanidade e da própria terra. É preciso reinventar um novo modo de estar no mundo.
Em torno da mesma mesa
Iniciamos a semana santa com Jesus entrando na cidade de Jerusalém, montado num jumentinho e com as pessoas estendendo ramos para a sua passagem. Na direção a Jerusalém, passa por Betânia para visitar seus amigos Lázaro, Maria e Marta e, depois, segue a caminhada preparando os/as discípulos/as para o que aconteceria.
Num determinado momento da caminhada, envia dois deles para preparar a ceia de despedida, dizendo-os “vão à cidade, procurem certo homem, e lhe digam: o mestre manda dizer: o meu tempo está próximo, eu vou celebrar a páscoa em sua casa, junto com os meus discípulos" (Mt 26, 18). Os discípulos fizeram conforme Jesus pediu e, ao cair da tarde, sentaram-se em torno da mesma mesa e partilharam do mesmo pão.
Enquanto comiam, Jesus tomou o pão e, tendo pronunciado a benção, o partiu, distribuiu aos discípulos e disse: tomem e comam, isto é o meu corpo. Em seguida, tomou um cálice, agradeceu, e deu a eles dizendo: bebam dele todos, pois isto é o meu sangue, o sangue da aliança, que é derramado em favor de muitos, para a remissão dos pecados (Mt 26,2-28).
A espiritualidade marista nasce da mesa do Senhor, da mesa eucarística que se enlaça com a mesa da partilha, da fraternidade entre Champagnat e os primeiros Irmãos, chamada de Mesa de La Valla. Neste tempo de quarentena e de maior convívio com a família, somos convidados/as a fortalecer a fraternidade, as relações familiares e criar sintonia com nossos vizinhos e amigos, ainda que em pequenos gestos pelas janelas, sacadas, redes sociais e orações.
Sugestões para sua celebração
Compreendendo a mesa como símbolo da partilha, da gratidão e da comunhão, prepare um momento com sua família onde, em torno da mesma mesa, possam partilhar o alimento, mas também a vida, as alegrias e inquietações.
- Envolva os familiares na preparação dos alimentos. É uma oportunidade de promover o espírito de alegria e fraternidade em um momento enriquecedor de aprendizado e partilha.
- Quando estiverem em torno da mesa, recorde Jesus e seu gesto de benção dos alimentos e convide sua família a fazer o mesmo, refletindo também sobre que não têm refeições diárias, que vivem na solidão ou necessitam de saúde nesse momento.
- De mãos dadas, rezem a oração do Pai Nosso.
- Uma ótima ideia é fazer uma vídeo-chamada com outros amigos e familiares que não poderão estar fisicamente presentes durante a oração.
- Partilhem o alimento, ao mesmo tempo em que trazem à mesa suas alegrias, sonhos e realizações.
- Para o momento, indicamos a seguinte Música "Oração pela família" de Padre Zezinho. Dê o play abaixo.
Uma Páscoa abençoada a todos. Que a paz de Jesus e a luz de São Marcelino Champagnat iluminem o coração de cada um.