Recordo com gratidão dos gestores que conheci ao longo de minha trajetória profissional. Agradeço, sem exceção, pois me deram a condição de escuta, do contraponto e me indicaram correções de rota.
No início de minha carreira, recebi a orientação de que não misturasse circunstâncias pessoais e familiares com o exercício profissional. Obviamente, não havia nada proibido. Porém, sempre ouvi, com profundo entendimento, que os problemas de casa devem ficar em casa. Já os ocorridos no labor dizem respeito ao endereço comercial.
Um pouco mais tarde, já como educador e gestor de instituição de ensino, escutei de tantos outros líderes que jamais deveria esquecer de minha essência, de quem sou em minhas relações afetivas, mesmo dentro do ambiente profissional. O segredo está em equilibrar os temperamentos e a natureza de um espaço para o outro.
O distanciamento social imposto pela pandemia aproximou nossas vidas profissionais e pessoais. Em meio a momentos por vezes turbulentos, a empatia se tornou a força motriz da nova ordem das relações, e nos empenhamos, todos, a reaprender e a ressignificar as vivências desse período. Não há nada de errado em constatar que agora nossas intimidades e nossas famílias se organizam e participam do mesmo ambiente de trabalho.
Os filhos aparecem inesperadamente nas lives. O interfone toca durante a reunião. Os pets não silenciam quando mais precisamos. Para preparar o almoço, saímos mais cedo de um compromisso. A conexão do outro lado pode não estar tão boa quanto a sua. A chuva do dia anterior atrapalhou os planos e impactou na entrega do projeto. Tudo isso é orgânico. É vida sendo vivida.
Como gestores, somos desafiados a sermos pessoas de visão, a vivermos os valores da instituição na qual atuamos e a guiarmos outros a vivê-los. Enquanto gestor da área da Educação Básica, acredito no esforço protagonizado por cada educador nesse momento que exige resiliência de todos nós. Vejo a nossa comunidade educativa com muita confiança e otimismo.
Fazer gestão na pandemia é desafiador, mas só é possível porque, definitivamente, abriram-se as janelas da empatia de nossas moradas.
Confira o artigo do vice-diretor administrativo do Colégio Marista Rosário, Maurício Coloniezzi Erthal, publicado na edição de Zero Hora desta sexta-feira, 4/9.