Segundo as Matrizes Curriculares Maristas, na escola marista, um local privilegiado de socialização, desenvolvimento de novos valores culturais e construção de conhecimentos, temas como diversidade sociocultural, raça, etnia e religião podem contribuir na criação de uma convivência social caracterizada pelo respeito ao outro, na sua diferença e igualdade, e, portanto, de inclusão de todos.
Por isso, para ir além do cumprimento a Lei nº 11.645/08, que inclui no currículo oficial da rede de ensino a obrigatoriedade da temática “História e Cultura Afro-brasileira e Indígena", desde o ano passado, o Colégio Marista Rosário realiza um projeto Racismo Estrutural: memória, etnicidade e visibilidade social com os estudantes do 3º ano do Ensino Médio.
Como a escola tem a função de desenvolver o pensamento crítico do estudante, para que ele seja capaz de realizar uma reflexão crítica acerca da realidade na qual está inserido, o objetivo do projeto é abordar o tema em outros momentos além da Semana da Consciência Negra realizada anualmente na escola, além de estimular os participantes a refletirem sobre a construção histórica e social do Brasil e sobre conceitos como Racismo Estrutural e discriminação, entre outros. Por meio de leituras, palestras e documentários, a proposta visa a instrumentalizá-los a produzir textos críticos sobre a temática, visto que uma das entregas é a escrita de um artigo científico.
Este ano, as turmas também assistiram o documentário AmarElo – É Tudo Pra Ontem, no qual o rapper Emicida utiliza os bastidores de um de seus shows para resgatar a história da cultura e dos movimentos negros no Brasil nos últimos 100 anos. A produção também foi utilizada como temática na Olimpíada Nacional em História (ONH) deste ano.
Segundo a professora de História Maria Aparecida de Almeida, o assunto tem grande importância e pertinência. “Idealizamos um trabalho que objetiva a problematização de um processo histórico que delimitou um lugar social de inferioridade ao negro e gerou a criação de desigualdades que marcam até hoje as relações sociais em nosso país", explica.
Para o estudante Eduardo S., do 3º ano EM, o espaço doado ao debate sobre as relações étnico-raciais enquanto ainda estamos no Ensino Médio é de extrema importância. “Não possuímos as vivências que fazem parte das pessoas mais vulnerabilizadas nesse quesito em sociedade. Assim, a abertura para a exposição de temáticas relativas à negritude corrobora com o nosso crescimento como seres atuantes em um coletivo, além de ampliar o nosso conhecimento socio-cultural e aumentar nossa percepção de humanidade", afirma.
Para ampliar as discussões, no dia 26 de agosto, ocorrerá um Rosário Café Online sobre Racismo Estrutural. O evento, que faz parte do 2º ato da Estação ArteLiterária do Colégio, contará com a participação do procurador do Estado do RS Dr. Jorge Terra e o professor da UFRGS Dr. José Antônio dos Santos, que trocarão ideias com as turmas do Terceirão. A canja musical desta edição ficará por conta das estudantes Luciana S. e Laura S, do 3º ano EM. Também haverá sorteio de livros entre os participantes.
Sobre o Rosário Café
O projeto, iniciado em 2011 no Marista Rosário, proporciona aos estudantes do Ensino Médio momentos de encontro com a literatura e a música. Integrante do Programa de Formação de Leitores do Colégio, os estudantes e professores discutem autores e temas com enfoques e debates mais aprofundados em horários extraclasse.
Entendendo a Lei nº 11.645/08
O entendimento e a consciência sobre quem somos e de onde viemos é extremamente importante para o nosso desenvolvimento, tanto individualmente quanto como cidadãos. Pensando nisso, no dia 10 de março de 2008, foi promulgada a Lei 11.645, estabelecendo a obrigatoriedade da inclusão do ensino a temática “História e Cultura Afro brasileira e Indígena" no currículo da educação básica.
Por que o tema é tão importante para a Rede Marista?
O sonho de Champagnat - de educar amorosamente as crianças, adolescentes, jovens e adultos de todas as culturas, raças e etnias e dizer-lhes do amor de Jesus por eles - ainda é um sonho em construção, que exige a abertura de coração e flexibilidade de pensamento. Por isso, a Rede Marista reconhece e acolhe a diferentes identidades e modos de ser de estudantes presentes em seus espaços, considerando as questões referentes a etnia, raça, idade, classe social e religiosidade, entre outras.