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Formação para o Ensino Médio aborda o tema inteligência emocional em tempos de distanciamento social

12/05/2020
Espiritualidade
A palestra online foi realizada pela psicanalista e doutora em psicologia social Carla Froner

​​​​​A pandemia do novo Coronavírus mudou a rotina da humanidade. Em poucos meses os hábitos, as atividades e a rotina ao redor do mundo tiveram de se adaptar ao confinamento social. Como alternativa para minimizar a reposição de atividades pedagógicas previstas no calendário presencial, o Marista Santa Maria está realizando postagens regulares na plataforma digital Marista Virtual 3.0 por meio de um roteiro de atividades correspondentes à carga horária semanal de cada componente curricular, produzindo videoaulas, encontros online, entre outras práticas pedagógicas para que os estudantes mantenham uma rotina básica de atividades acadêmicas, mesmo afastados da escola.

Tais atividades são constantemente avaliadas, a partir de reuniões virtuais semanais com os educadores e também a partir do retorno dos estudantes e famílias. Nesse sentido, a partir de um diálogo que realizamos com os membros da Pastoral Juvenil Marista do Ensino Médio, o Grêmio Estudantil e estudantes terceiranistas, destacou-se a necessidade de debatermos sobre saúde mental, preparação para Enem e Vestibulares e construção de projetos de vida em tempos de distanciamento social. Por isso, realizamos um bate-papo online com a psicanalista e doutora em psicologia social, Carla Froner. Desse momento de formação compilamos oito reflexões que destacamos a seguir.​


Confira as dicas para o cuidado com a saúde emocional


1) Ter sentido e propósito de vida claros está diretamente relacionado à resiliência individual e ao sentimento de esperança. “Quem tem um para que, encontra um como fazer, independente dos desafios cotidianos”. Essa abordagem auxilia tanto para superarmos as adversidades que estamos vivenciando nesse contexto do Covid-19, quanto para outros, como preparação para provas e vestibulares. Um exemplo é a biografia de Viktor Frankl, Em Busca de Sentido - Um psicólogo no campo de concentração onde conta a importância dos seus sonhos e ideais de vida para sobreviver àquele contexto na Segunda Guerra Mundial. 

2) Saúde não é apenas ausência de doença. É ter vitalidade, coragem, disposição para trabalhar e estudar, criatividade, elementos que estão relacionados à inteligência emocional. Esta, por sua vez, significa a tolerância às frustrações, tolerância/paciência com aquilo que não depende de nós; sensibilidade à linguagem interior para compreender/reconhecer as emoções e administrá-las; perceber o que traz ansiedade e buscar a prevenção, pois como estamos aprendendo com o novo Coronavírus, prevenção também é saúde. Sintomas como dor de estômago, palpitações, insônia, arritmia cardíaca podem estar relacionados ao sistema emocional, por isso é preciso saber reconhecer e procurar a ajuda adequada;

3) Não devemos falar em emoções positivas ou negativas. Todas as emoções, dependendo da forma como as trabalhamos em nós e as enxergamos, podem ter um efeito construtivo e feliz ou daninho em nosso organismo. Por isso, a importância de desenvolvermos a autorresponsabilidade, o autoconhecimento, recursos mentais que auxiliam nessa leitura saudável das emoções;

4) Mais serotonina, menos cortisol. Cada pensamento gera uma emoção que tem impacto nas células. O hormônio cortisol é liberado pelo organismo, por exemplo, quando estamos tristes, com raiva e contribui para nosso envelhecimento. O hormônio serotonina liberado quando nos sentimos felizes, traz saúde ao corpo e fortalece o sistema imunológico. Assim, precisamos produzir nossa própria “vacina”, buscando manter a nossa leveza, o equilíbrio, o bem-estar, sentimentos na alma que protegem também o corpo físico. Lembrando sempre que Felicidade não é a ausência da tristeza, somos seres humanos feitos de ambivalências, de diversidades de emoções, um sentimento não exclui o outro, apenas precisamos aprender a administrá-los na nossa mente;

5) Não tenha medo da mudança, tenha medo quando as coisas não mudam. Um elemento novo em nossas vidas nos desacomoda e causa medo, nos tira da rotina. Mas ao mesmo tempo em que nos assusta, nos transforma, instiga uma mudança de olhar sobre a vida, nos impulsiona a evoluir. O medo é um sentimento corriqueiro em nossas vidas, principalmente em tempos de pandemia. É uma reação saudável quando nos impõe alguns limites, nos protege (como as orientações que seguimos para evitar a contaminação pelo Covid/19). Contudo, pode representar uma crença equivocada do futuro. É por isso, que uma pergunta não sai da nossa cabeça: “Quando o mundo, a nossa vida vai voltar ao ‘normal’”? Talvez esse “normal” nem exista mais, precisamos estar preparados para um grande processo de mudança, visualizar de forma altruísta um amanhã, um futuro melhor e não deixar que as preocupações sobre o futuro nos paralisem e afetem negativamente nossas emoções;  

6) O corpo está cansado? Leia um livro. A cabeça está cansada? Faça uma atividade física. Essa é uma regra dos escoteiros que muito tem a nos ensinar. Cuide da sua alimentação, hidrate-se, faça atividades físicas. Escute uma música alegre, alguns sons entram na sintonia do nosso coração e deixam o dia mais leve e feliz, nos tiram da vibração da angústia. Para ansiedade, no intervalo dos estudos, também é indicado tomar um banho morno (fora do horário rotineiro) para renovar as energias. Uma estratégia que ajuda é registrar também as emoções em um diário;

7) Entre as dicas de filmes abordadas na formação e que podem ajudar a desenvolvermos nosso olhar sobre esse contexto e sobre inteligência emocional estão Kart nervoso e o Zoológico de Varsóvia, ambos disponíveis na Netflix; 

8) Tudo vai passar. Mas não precisamos esperar passar para olhar o quanto estamos aprendendo. O nosso amadurecimento e crescimento humano não está ligado à idade cronológica, mas sim às experiências que vivemos ao longo da vida e de como lidamos com elas. É importante que observamos o quanto estamos aprendendo com esse cenário inédito e histórico que cerca o mundo. O distanciamento social, para quem pode desenvolver as suas atividades em casa, é uma oportunidade para compreendermos como administrar o tempo, a convivermos melhor em família. ​​Vai depender de cada um nós, voltar melhor ou o mesmo do que antes da pandemia. Vamos pensar nos nossos ganhos, aproveitar com qualidade esse tempo que nos é dado de forma diferente, podemos voltar mais reflexivos, com mais empatia, menos consumistas, mais humanos. Tendo sempre em mente que o maior ganho em todo esse processo é a preservação da vida e que “(...)mesmo quando tudo pede um pouco mais de calma, até quando o corpo pede um pouco mais de alma, a vida não para(...)”, como diz a canção Paciência de Lenine. Por isso, é tão fundamental reforçarmos o autocuidado, planejarmos a vida, fazermos uma lista de nossos sonhos, ter uma visão mais altruísta sobre o futuro, para que a vida se renove, ressignifique e tenha ainda mais valor para cada um nós.

​Além das formações sobre esse tema, outros projetos voltados à preparação dos estudantes para o Enem, Enem digital e Vestibulares estão sendo planejados pelo Colégio e também pela Rede Marista.