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Meu filho, o meu melhor professor

06/08/2020
Educação
Os desafios do home office para pais que se dividem entre dar aulas online  e auxiliar os filhos nas atividades domiciliares

A pandemia do novo coronavírus transformou a rotina de diferentes segmentos sociais, escola, famílias, empresas, hospitais, serviços públicos. Para cuidar da saúde individual e coletiva foi preciso, de forma repentina, se reinventar, o que ocorreu com muitas profissões e histórias de vida, entre elas, a de ser pai e a de ser professor, e a de ser os dois, ao mesmo tempo.

Desde 2002, Rodrigo Magalhães atua como professor de matemática no Colégio. Em uma carreira de cerca de 20 anos na área da Educação, ele nunca tinha vivenciado um cenário tão desafiador quanto o que o mundo vive com a pandemia do novo coronavírus. 

A adaptação ao ensino remoto e online, o afastamento físico dos estudantes e colegas de trabalho, ressignificaram os processos de ensino e aprendizagem e o próprio papel do estudante e do educador nesse cenário. “Meu papel como educador, nestes quatro meses, tem sido estar presente junto aos alunos através de aulas online, buscando atividades adequadas que garantam o processo de aprendizagem, diante de um cenário completamente adverso”, explica ele. Para esta nova configuração de ensino e construção do conhecimento foi necessário ir em busca de ferramentas metodológicas e um novo fazer e ser professor tem sido uma constante.

O trabalho em home office também aproximou as rotinas profissionais das rotinas familiares. Se de um lado, há muitos desafios na reconfiguração dos métodos de trabalho do professor, este também se depara com outro desafio: o de ser pai e auxiliar os filhos nas atividades domiciliares que, durante a pandemia, se intensificaram em virtude do ensino online. “Neste momento excepcional, a rotina familiar, os espaços, os tempos passaram por ajustes, já que nossas lives e aulas muitas vezes são concomitantes, mas estamos tentamos contornar os obstáculos sem perder a alegria, sentimento que nos mantêm fortes e unidos nesse período tão sensível”, destaca Rodrigo.

O educador e pai do pequeno Augusto Magalhães, estudante do 1º ano do Ensino Fundamental no Colégio, explica que, apesar das dificuldades, busca estar presente a cada nova etapa vivenciada pelo filho, acompanhando, motivando e vibrando com suas descobertas e aprendizagens. Augusto vivencia nesse período o processo de alfabetização, e se desafia, em plena conjuntura, a descobrir o mundo com a leitura das primeiras palavras. “E apesar de todas as dificuldades que estamos enfrentando, e do paradoxo que isso possa ser, acompanhar esse processo do meu filho me dá esperança, me lembra do futuro, me lembra o quanto a vida pode ser maravilhosa e que precisamos ter forças para superar tudo isso.” 

Na tentativa de minimizar as perdas causadas pelo afastamento da escola e dos colegas, Rodrigo confessa que mergulhou no universo infantil do seu filho. Assim, caçar Pokémon, jogar Uno, assistir episódios de Bugados, Turma da Mônica, leituras sobre dinossauros... se tornaram ainda mais parte do dia a dia. “Percebo nele, criança, o que melhor se adaptou às mudanças e que nas adversidades do momento, muitas vezes é o melhor professor que temos em casa. Neste dia dos pais, sou grato a meu filho, que com a sua simplicidade, me ajuda a enfrentar os desafios do momento.”

Para Rodrigo, esta relação pai e filho, “inspira a esperança por dias melhores e reforça ainda mais a consciência do nosso papel, como pais, professores, cidadãos, no cuidado com a natureza, com o mundo, para que a vida possa continuar e palavras possam ser descobertas por muitas e muitas gerações.”​