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Projetos

Compartilhe

O cenário atual é definido como complexo e mutável.  Se fixarmos nosso olhar sobre a esfera  educacional, vamos reconhecer os impactos da complexidade das relações, das novas formas de comunicação e dos novos comportamentos e práticas dos estudantes contemporâneos. Num futuro próximo de automação e robotização, competências como habilidades sociais, empatia e inteligência emocional precisam ser mobilizadas.

Diferentes habilidades e atitudes precisam ser desenvolvidas nesses novos sujeitos.  É permanente a necessidade de recriar a escola como lugar de aprendizagem integral, uma vez que os processos de aprendizagem desafiam e exigem transcender o plano de transmissão de conhecimentos perpassando pelo campo da experiência,  do diálogo, da empatia e da solidariedade, revolucionando as mentalidades, as sensibilidades e a consciência dessa geração.  

Compreende-se a escola como espaçotempo da informação, da transformação, da convivência. A aprendizagem é um processo de relação e de interação. Portanto, é papel das instituições educacionais auxiliarem os estudantes a ir muito além da competência acadêmica, sendo agentes, protagonistas do ser, do conviver e do fazer. Além disso, devem contribuir para que os jovens assumam suas trajetórias de vida e qualifiquem seus valores e conhecimentos através de experiências significativas.

Nesse cenário, há muitas oportunidades de criar, de fortalecer, de inovar e de ousar. Requisitos necessários para as crianças e os jovens como amizade, responsabilidade, colaboração, empatia, cidadania devem ser ensinados e estimulados com novas estratégias e projetos. Os novos sujeitos estão mais capacitados a serem empáticos e cooperativos. Assim, aproveitar essa potencialidade para qualificar percepções e experiências dos estudantes impacta profundamente na educação integral, no sucesso das relações e na gestão das emoções dos futuros profissionais. 

É inegável a importância de olhar para a comunidade com senso crítico e compaixão, reconhecendo os problemas e as possibilidades de intervenção, e ajudar as crianças no que diz respeito à sensibilidade e informações que oportunizam mudanças nos juízos de valor e nos preconceitos. Foi nesse contexto que, em 2017, surgiu o projeto Compartilhe, com o objetivo de criar uma nova experiência de formação para a cultura da solidariedade e para a empatia, integrando as atividades da Gincana Cultural Solidária com os momentos de formação e vivências da escola, saindo da cultura da arrecadação e da doação para a cultura da missão, da presença e do protagonismo.

A mobilização de aprendizagens desse trabalho pode ser sintetizada num acróstico da palavra Compartilhe:

  • Comunidade: lugar de protagonismo, lugar de todos, de compromisso e de cuidado; 

  • Organização: desenvolvimento do planejamento criativo e da busca de resultados; 

  • Mobilização: potencializar a mente para a solidariedade criativa; 

  • Partilha: partilhar o tempo, o carinho, a atenção e o cuidado com o próximo; 

  • Amor: compromisso de cuidar da vida, amor pelas crianças que vivem em situações de risco e são vítimas da pobreza e da injustiça social; 

  • Respeito: preferencialmente com as crianças, valor ético que permite avaliar a própria conduta em vista do bem comum; 

  • Trabalho: como serviço ao bem comum da sociedade; 

  • Intencionalidade: integrar a escola com a comunidade em prol da consciência comunitária; 

  • Liderança: potencializar os líderes de turma e Grêmio Estudantil para a cultura da solidariedade; 

  • Humildade: experiências de acolher as crianças com o coração aberto e solidário; 

  • Empatia: compreender e colocar-se no lugar do outro.

Os protagonistas do projeto são todos os estudantes das turmas de 6º ano do Ensino Fundamental ao 3º ano do Ensino Médio e os beneficiados são as crianças das organizações sociais da comunidade local. O trabalho começa com a escolha dos líderes de turma em cada ano escolar – o Serviço de Orientação Educacional (SOE) trabalha com as turmas um perfil de liderança na perspectiva acadêmica, relacional e solidária. Escolhidos, os líderes passam por uma formação que inclui a vivência numa organização social e, com o acompanhamento da Orientação Educacional e da Coordenação Pedagógica, fazem um planejamento de ações com as suas turmas. A partir desse estágio, são realizados pelo menos mais cinco encontros até que se defina um plano de ação viável e criativo.

O Compartilhe é avaliado pelo Grêmio Estudantil e pela organização social parceira; essa avaliação é partilhada com estudantes, que promovem encontros com as crianças e conhecem as necessidades humanas e materiais das instituições – uma aula prática de solidariedade, empatia, reflexão e conexão com a comunidade. O trabalho culmina com a prova de arrecadação de alimentos e produtos de higiene e limpeza pelas equipes da Gincana Cultural e Solidária, realizada pelo Grêmio Estudantil.

O trabalho articula segmentos da comunidade – organizações sociais que atendem crianças, escolas do município e os estudantes – e mobiliza o coração, a reflexão e a consciência crítica. É um convite, um apelo à participação de uma atividade social e voluntária em prol da comunidade. Desenvolve a competência socioemocional da cooperação, da solidariedade e da empatia, incentivando e despertando a vontade e o interesse dos estudantes pelas causas sociais. 

No ano de 2017, foram realizadas seis edições do projeto, que envolveram 431 estudantes do colégio e beneficiaram 427 crianças de seis instituições. No primeiro semestre de 2018, foram mais seis edições do projeto, com a participação de 434 estudantes maristas em prol de 453 crianças de outras seis organizações sociais. E, em 2019, foram somadas sete ações no primeiro semestre, com a participação de 473 alunos do Santa Maria, que envolveram 525 crianças de sete instituições sociais.

“A educação é mais do que um processo de transmissão de informações: é um meio poderoso de formação e de transformação das mentes e dos corações das crianças e dos jovens” (Projeto Educativo do Brasil Marista, 2010). Com esse pressuposto da educação marista, o Colégio Marista Santa Maria acredita que o projeto está contribuindo para a conscientização e a mudança de valores e atitudes dos estudantes, na implementação e no fortalecimento do voluntariado e da responsabilidade social, na qualificação das relações, da criatividade e da liderança. O atendimento desses critérios confirma a importância do projeto no contexto educacional e social e valida sua continuidade e ampliação, de acordo com a participação da comunidade envolvida.