A pandemia do coronavírus tem feito com que as pessoas permaneçam mais tempo em suas casas, convivendo apenas com familiares próximos. Além disso, os adultos precisam lidar com os próprios questionamentos quanto à mudança na rotina e tornar o momento mais compreensível para as crianças. De acordo com a psicóloga Cristiane Rampon, coordenadora do Centro de Atenção Psicossocial (Caps II) de Santo Ângelo e mãe da estudante marista Vitória, as pandemias provocam um pânico generalizado na população e esse tipo de situação pode abalar a saúde mental, causando estresse e ansiedade.
No entanto, existem maneiras de vivenciar e superar o momento de forma mais tranquila. “Uma boa estratégia para cuidar da saúde mental é planejar uma rotina, já que ter hábitos regulares traz equilíbrio emocional”, sugere Cristiane. Ela ainda comenta que é importante pensar que está contribuindo positivamente e que é uma situação transitória, pois isso ajuda a acalmar a mente. “O uso excessivo das redes sociais também pode ser angustiante e conversas pessimistas, que provocam sentimentos depressivos, não são as melhores escolhas, pois trazem ideias negativas, medos e apreensão”, alerta.
Cuidados com a alimentação e atividades físicas
O fisioterapeuta Ângelo Cortez, pai dos estudantes do Marista Santo Ângelo Helena e Antônio, ressalta a importância de manter bons hábitos alimentares e praticar atividades físicas, visando a saúde do corpo e da mente. “Assim como nossos veículos necessitam de combustível para combustão e produção de energia que desenvolverá seu deslocamento, nosso organismo é uma máquina altamente eficiente que também precisa de combustível.
Para tanto, é necessário ingerir água nos intervalos das refeições e evitar açúcar, muito sal nos alimentos, gorduras, refrigerantes e sucos industrializados, bolos, biscoitos e guloseimas”, indica. Além disso, para aliviar sintomas de ansiedade e estresse causados pelas incertezas quanto ao cenário econômico e com a saúde, é aconselhável evitar cafeína e bebidas alcoólicas.
Cortez ainda destaca que a Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda que todo o indivíduo realize em torno de 150 minutos de atividades físicas por semana, fracionados ao longo dos sete dias. Neste sentido, em casa, é possível fazer alongamentos, flexões de braço, agachamento, prancha no solo e mergulho no banco (utilizando sofá ou cadeira), exercícios que podem ser visualizados realizando buscas de vídeos no YouTube. “Porém, evite atividades de alta intensidade, pois elas podem decrementar o sistema imunológico”, alerta o fisioterapeuta.
Além de cuidar da alimentação e praticar atividades físicas, Ângelo Cortez fala também sobre a importância de uma boa noite de sono, pois é salutar e necessário para produção de melatonina, controle do cortisol (que é o hormônio do estresse) e recuperação do próprio organismo. Ele recomenda que as pessoas estabeleçam uma rotina, evitando sonecas durante o dia, limitando o trabalho a até uma hora antes de dormir e indo dormir sempre no mesmo horário.
A saúde mental das crianças
Durante a pandemia e com a suspensão das aulas presenciais, as crianças também podem apresentar alguns sintomas de ansiedade e estresse. Neste sentido, a psicóloga Cristiane Rampon recomenda que os pais as deixem cientes do que está acontecendo, dando uma explicação condizente com a faixa etária. “Se seus filhos demonstrarem preocupação, ajude-os a gerenciar suas emoções e aliviar a ansiedade”, sugere.
Manter a rotina o mais normal possível também é necessário e ajuda a superar o momento. Segundo Cristiane, é importante que os responsáveis preparem um ambiente de estudos, separando os materiais e fazendo um cronograma das atividades escolares.
Porém, a suspensão das aulas presenciais, que estão sendo substituídas pelas aulas em plataformas virtuais, trouxe aspectos positivos, pois permitiu que os pais fiquem mais tempo em casa com os filhos para conversar e brincar.
“Aproveitem o momento para perguntar o que as crianças pensam sobre a situação que estamos vivendo. As respostas ajudam os pais a perceberem o que os filhos sabem, o que esperam e quais são os seus medos, sendo uma ótima oportunidade de trabalharmos com as crianças a solidariedade, ensinando valores de bondade e empatia, mostrando que precisamos uns dos outros e temos a capacidade de multiplicar o bem”, comenta Cristiane.
A psicóloga destaca que é fundamental validar as emoções das crianças, de forma lúdica e divertida, sendo empático e conectado com elas. Neste sentido, ela indica alguns materiais que podem auxiliar os pais no diálogo com os filhos sobre a pandemia:
A psicóloga Cristiane Rampon com a filha Vitória
Dicas para o dia a dia
A psicóloga Cristiane Rampon tem algumas dicas para os adultos e crianças que estão em isolamento social:
Para finalizar, o fisioterapeuta Ângelo Cortez tem outra dica importante: a gratidão. De acordo com ele, existem estudos que demonstram que pessoas que possuem senso de pertencimento ou fé são mais otimistas e também vivem mais. “Seja grato pela vida, agradeça ao seu Deus pelo dia de hoje, pela saúde e pela família maravilhosa que tem. No momento que assumimos nossa religiosidade e aceitamos que somos pertencentes a um todo, somos mais felizes”, destaca.