Reconhecendo os jovens como
sujeitos em espaços e tempos de descobertas, na convergência entre autoconhecimento
e discernimento das próprias escolhas, torna-se crucial dar sentido às
aprendizagens deles, vinculando-as aos interesses, às possibilidades e à afetividade
da juventude. Tal ação possibilitará o alcance de resultados satisfatórios em
uma formação integral dignificante, que deve ser assumida por todos nós.
Todos temos vivenciado diferentes
e intensos desafios. E é possível afirmar que a nossa vida já não é a mesma de
antes da pandemia e que, provavelmente, não voltará a ser. Nessa nova
realidade, os aprendizados foram acelerados, potencializados e aqui estamos, em
transição. Diante disso, é necessário um novo olhar sobre os avanços tecnológicos,
as relações entre as pessoas, as exigências impostas pelo distanciamento, assim
como sobre as várias demandas e cobranças.
Ainda que tudo isso seja fato,
não nos tiraram o livre-arbítrio, que é o poder de fazer escolhas. E, diante das
tantas informações a que somos submetidos diariamente e da sensação de o tempo
estar passando mais rápido, surgem algumas inquietações, tais como: “Como fazer
essas escolhas? O que eu, realmente, quero? ”, “Onde pretendo chegar? ”, “O que
atrai minha atenção? ”, “Quais são os meus propósitos? ”.
Tais questionamentos devem não só
emergir, como fazer parte das nossas vidas. Caso contrário, caminharemos em
qualquer direção, principalmente nas sugeridas pelas mídias e por outras
pessoas.
E onde fica nosso protagonismo? E
o dos jovens? Urge refletirmos sobre esse assunto e sobre as juventudes. Quais
são as competências que nossos jovens precisam desenvolver para o mercado de
trabalho e para a vida em sociedade? Os estudantes em formação, com tantos
sonhos, inquietações, desejos e inseguranças, estão realmente sendo preparados
para os desafios da vida?
Para os processos educacionais,
temos uma diretriz: a Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Ela direciona as
escolas a trabalharem de forma a desenvolver as competências socioemocionais,
tendo em vista que a humanização, o cuidado com a vida, o autoconhecimento e os
projetos de vida são primordiais para a empatia, o espírito colaborativo e a gestão
das escolhas individuais.
Ao pensarmos nas habilidades que
estão sendo cada vez mais exigidas e nas que, possivelmente, o serão, é
imprescindível que educadores e famílias se questionem sobre a rotina dos
jovens, os valores transmitidos, as regras e os acordos. E isso visando à preparação
para os jovens superarem desafios e realizarem sonhos.
Muitos estudiosos apresentam as
principais habilidades que estão sendo exigidas pela sociedade nas dimensões
pessoal e profissional, tais como as que focam na resolução de problemas complexos. E nós, como educadores, estamos instigando
estratégias para que os jovens possam aprender a responder, de forma eficaz e
criativa, a determinado desafio ou problema?
Há teorias que focam o
desenvolvimento do pensamento crítico
como um fator fundamental para a tomada de decisões. Assim, vale questionar,
por exemplo: os jovens pesquisam para saber se uma notícia é “fake” ou a tomam,
de imediato, como verdade? Eles enxergam os problemas em diferentes
perspectivas ou simplesmente aceitam o que é apresentado?
No que tange à gestão de pessoas, os jovens conseguem
reconhecer os potenciais, as qualidades e as habilidades das pessoas com quem
convivem? Sabemos que desafiar e incentivar o desenvolvimento de novas habilidades
é imprescindível.
Quanto à inteligência emocional, sabe-se que nos relacionar, bem como conhecer,
reconhecer e ponderar as próprias emoções, é uma atitude complexa. Daí a
importância do autoconhecimento e da administração dos conflitos ser pauta constante
de reflexão, principalmente com os jovens.
Direcionando à orientação para negociar e servir,
torna-se relevante desenvolver a empatia, não realizar julgamentos, mas
atentar-se às necessidades do outro, trazendo a dimensão do coletivo,
conciliando as diferenças nas relações interpessoais.
Já para a aquisição da flexibilidade cognitiva e da criatividade,
a reflexão deve se direcionar para: de que forma os jovens lidam com situações
de imprevistos e tomadas de decisões? Conseguem usar a criatividade para a flexibilidade?
Estão abertos para o novo e para a busca de novas soluções?
No Marista João Paulo II, nossa
equipe de educadores é constantemente provocada pelas juventudes. Por isso, investimos
e acreditamos em projetos e em processos que contribuem para a formação integral
de cada estudante. Em nossos projetos de liderança, por exemplo, os estudantes
são desafiados a buscarem soluções e a desenvolverem a escuta sensível e ativa para
mediarem situações. Já em sala de aula, promovemos debates, que proporcionam o
desenvolvimento do pensamento crítico e da inteligência emocional para o trabalho
em equipe. Nesses e em tantos outros momentos, as juventudes atuam para a
construção de um presente melhor, pois é no cotidiano que nos ressignificamos,
aprendemos e fazemos a diferença no que se refere às aprendizagens necessárias
para o futuro.
Aqui, olhamos para o presente
pensando no futuro. E acreditamos que o presente precisa ser vivido e celebrado
por nós e pelos jovens, que são o nosso maior presente!
Camila Testa Salmazo – Orientadora Educacional do Ensino Médio