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Uso de celular na escola: qual o impacto entre os estudantes?

26/02/2025
Comunidade
Confira entrevista com Claudio Furtado, pai marista e membro do Movimento Desconecta

​​No começo de janeiro, foi sancionada a Lei nº 15.100/2025, que determina o uso de dispositivos eletrônicos no ambiente escolar apenas para fins pedagógicos. Assim, passa a ser vetado o uso durante aulas, recreios e intervalos em escolas públicas e privadas durante todas as etapas da educação básica. 

A nova lei federal fomentou reflexões sobre o tema. Afinal, qual o impacto do uso do celular por crianças e adolescentes? Quais são os possíveis benefícios e prejuízos?

Frente às evidências cientificas de prejuízos comportamentais, emocionais e físicos relacionados ao uso desmedido de tecnologias, nasce o Movimento Desconecta com o objetivo de propor ações coletivas pelo adiamento, redução e controle de acesso à smartphones e redes sociais por crianças. Claudio Furtado, pai de dois estudantes do Colégio Marista Ipanema é um dos membros desse movimento e contribui para a discussão em uma entrevista concedida ao Colégio.

Por que a lei é necessária?

O lançamento do smartphone em 2010 transformou a sociedade, a forma de se relacionar e de interagir com o mundo. Simultaneamente, surge uma nova geração: a geração alfa. Como essas crianças e adolescentes se comportam, brincam e aprendem diante do constante estímulo das telas, celulares e redes sociais é tema de inúmeras pesquisas ao redor do globo.

Para Claudio Furtado, a lei federal nº 15.100/2025 de proibição dos celulares em ambiente escolar, vem como uma intervenção entre pessoas em formação, as crianças e os adolescentes, diante do mau uso do aparelho. Pesquisas demonstram o prejuízo e o aumento das situações de riscos como transtorno de ansiedade, depressão e outras doenças relacionadas a saúde mental concomitantemente ao lançamento do smartphone, evidenciadas também no livro Geração Ansiosa, do psicólogo social Jonathan Haidt.

"A questão não é ser anti tecnologia, ou anti celular e sim um uso racional, um uso consciente do celular e de todos os benefícios que ele traz - que são muitos! A grande questão é que a lei teve que vir porque estavam tendo muito mais prejuízos do que benefícios", argumenta Furtado. 

Impactos no aprendizado

Ao mesmo tempo que os celulares expõem as crianças e adolescentes a problemas emocionais e psicológicos, também é comprovado um impacto expressivo no desempenho escolar. A razão disso, conforme Furtado, é simples:  o uso do celular está em contradição com o que a escola busca, que é uma socialização entre os alunos e o aprendizado de forma saudável.

"Hoje tem uma geração de atenção fragmentada. É tudo muito rápido, é a dopamina que vem, logo passa e já tem que ir atrás de outra coisa. Não tem mais uma atenção contínua para se chegar ao meio e ao fim e isso é imprescindível para um aluno aprender em sala de aula", justifica.

A expectativa é que a restrição proposta pela lei resulte em estudantes a mais saudáveis, mais interessados e mais propícios a buscarem conhecimentos diversos e aprofundados.

Parceria escola e família

A parceria escola e família é fundamental nesse momento de adaptação a nova lei. Para a adesão às novas regras, educadores, pais e responsáveis devem ser exemplo, demonstrando um uso saudável de aparelhos eletrônicos.

Crianças e adolescentes em idade escolar estão em uma etapa de desenvolvimento cognitivo, corporal e social, assim é imprescindível não incentivar um estilo de vida que já se identifica cientificamente não ser benéfico. Para as famílias, Furtado destaca que essa responsabilidade se estende para fora dos limites da escola.

"Nada adianta eu chegar para o meu filho e dizer que faz mal, que tem que restrin​gir tela, e assim que eu sento do lado dele eu tiro o aparelho celular e sei que estou usando de forma passiva, sem necessidade", salienta. "Os pais, mães e responsáveis vão ter que ser agentes mais ativos", completa.

Confira a seguir o vídeo com a entrevista completa:​