Desde que iniciamos os conteúdos do Em Família, os temas abordados pelo projeto foram a aprendizagem, as emoções e a profissão educador, todos sob a ótica do contexto pandêmico que estamos vivendo. O assunto desta edição contempla a relações familiares e escolares.
Para refletir sobre a relação entre colégio e famílias, nesta edição do Em Família convidamos Cheila Milczarek, diretora do Colégio Marista Medianeira e Mestre em educação; Michele Zanatta, orientadora educacional do Colégio Marista Aparecida; Adriane Arteche, Doutora em psicologia e professora da pós-graduação da PUCRS; Ângela Seger, psicóloga e professora do curso de Psicologia da PUCRS e Karina e Sidnei Agra, pais dos estudantes Ana Maria, Gianna e Pedro José do Colégio Marista Assunção.
A Convivência
Nos últimos meses fomos tomados por diferentes sentimentos, afinal estamos vivenciando um período atípico na história da humanidade. As relações sociais foram abaladas, consequentemente, o convívio entre pais, filhos e escola também sofreram alterações. De acordo com a psicóloga e professora do curso de Psicologia da PUCRS Ângela Seger, com a potencialização da convivência, ganhamos uma nova rotina, com um tempo maior reunidos. “Todas essas situações impactaram nas relações também. Foi em nosso cotidiano, nossa rotina, nossa sensação de controle e em como a gente estava lidando com isso”, afirma.
Para auxiliar nesse processo, é importante realizar atividades que proporcionem emoções positivas, como escutar música ou assistir a algum programa televisivo da sua preferência, por exemplo, comenta Adriane Arteche, Doutora em psicologia e professora da pós-graduação da PUCRS. “Seja no trabalho, seja no dia a dia, a gente precisa entender que nem tudo sairá de forma perfeita. Colocar menos pressão em nós mesmos. Isso faz com que a gente consiga lidar um pouco melhor o dia a dia”, relembra.
Karina e Sidnei Agra, pais dos estudantes Ana Maria, Gianna e Pedro José, do Colégio Marista Assunção, relatam que o isolamento social trouxe desafios, sendo um deles o aumento no tempo de convívio, que exigiu mais paciência. “Eu já trabalhava em home office e tive meu trabalho invadido por todos eles, ou seja, estamos no lugar de trabalho e de aulas”, comenta Karina. Sidnei complementa falando que, mesmo com as adversidades, a alegria prevaleceu na casa. “A alegria pelo convívio, que não era tão intenso, nem frequente, e isso nos alegrou muito”, finaliza.
Uma palavra-chave, no ponto de vista da Diretora do Colégio Marista Medianeira e Mestre em educação, Cheila Milczarek, sobre o que foi vivenciado e ainda vivemos é encorajamento. É necessário encorajar os estudantes, os filhos, a fim de que eles percebam que o momento é desafiador. “Mas, acima de tudo, temos condições de superar isso. Desde que possamos olhar com transparência, sem omitir as situações experienciadas, porém sem perder a fé e a esperança”, reforça a educadora.
A quebra de rotina
O contexto pandêmico gerou uma quebra de rotina significativa na sociedade. Independente da faixa etária, essa quebra ocasionou impactos, afinal vivemos em mundo presumido, conforme informa Ângela Seger. “Ou seja, eu tenho uma organização interna que diz assim ‘bom, amanhã vou trabalhar, depois vou deixar os filhos na escola, depois eu vou para o trabalho, no final da tarde a gente se encontra’. Enfim, existe uma série de rotinas que são organizadoras. Coisas que acontecem fora, que nos organizam internamente. Ao haver a quebra dessa organização, as relações intrafamiliares e com as pessoas ao nosso redor foram afetadas”, explica.
Embora exista essa ruptura, é necessário planejar uma rotina. “É muito importante que as famílias estabeleçam uma rotina. É um período transitório, é um período que vai passar, e a rotina, principalmente, ela é muito importante, tanto para as crianças como para os pais", salienta Michele Zanatta. Nesse sentido, Adriane Arteche concorda e esclarece que as escolas têm sido fundamentais para manter os estudantes em uma rotina que proporciona planejamento e estímulo cognitivo.
O pai marista, Sidnei Agra, explica que a rotina teve de ser adaptada, pois são duas pessoas trabalhando em regime de home office em sua casa e três crianças estudando por meio de atividades domiciliares. “Organizar espaços da casa para que atividades pudessem acontecer ao mesmo tempo foi algo importante nesse período”, conclui. “Também foi importante organizar as demandas de equipamentos. Junto a isso, gerenciar o nosso tempo para atender aos nossos filhos, com suas demandas específicas, pois são três crianças em faixas etárias diferentes”, confirma, Karina Agra.
O papel das escolas na relação com as famílias
De acordo com Michele, a escola se ressignificou e se manteve ativa. “A escola permaneceu viva, transpôs os muros, o físico, e entrou na casa de cada família e, na casa de cada família, o papel principal da escola foi de escuta, de acolhida, de muito diálogo”, declara. Além disso, serviu como suporte oferecendo alternativas para que as crianças conseguissem interagir e continuar aprendendo, acompanhando e desempenhando seu papel conforme a realidade de cada família. Cheila Milczarek ainda reflete sobre o fato de os colégios estarem presentes em cada indivíduo. “A escola está nas pessoas. E uma grande escola se faz sim, com estudantes, educadores e com as famílias. Essa prova a gente teve este ano mais do que nunca”, menciona.
Segundo a mãe Karina a escola teve papel imprescindível para que as crianças tivessem senso de normalidade no período de distanciamento. “Apesar de não ser a mesma coisa do que a aula presencial na escola, ter alguma atividade rotineira com compromissos, com entregas, com cronograma, foi muito importante, inclusive para saúde mental deles”, acrescenta Sidnei.
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