Como cobrar uma leitura do semestre neste contexto em que estamos? Além disso, como fazer a 1ª avaliação de leitura à distância?
Ao pensar em algum trabalho que pudesse promover, além de cobrança didática, algo que chamasse a atenção dos estudantes do 9º ano dos Anos Finais, essas foram as principais inquietações que vieram na mente do professor de linguagens Afonso Antunes. Desta forma, ao analisar os hábitos dos estudantes, foi possível ter como principais alternativas o desenvolvimento de um vídeo (em formato de vlog, um vídeo-comentário) ou um podcast (comentário em formato de áudio/rádio) a respeito da obra.
Antunes comenta sobre: “A literatura é uma obra aberta. Por que não fazer uma atividade que gere curiosidade entre os estudantes?", retrata o educador que percebe a necessidade de fuga de formatos padrões, como aulas expositivas e realização de provas, que neste contexto de distanciamento social pode não ser a melhor estratégia junto às turmas. Além disso, Afonso comenta que a proposição de um podcast junto aos alunos traria uma linguagem descontraída e informal, possibilitando uma análise mais próxima dos conteúdos.
Para isso, a obra trabalhada para os estudantes foi O Fio das Missangas, de Mia Couto. O livro, que traz contos de duas, três páginas, desenvolve metáforas para o leitor, na perspectiva de haver um simbolismo frente à compreensão das temáticas – muito além de um entendimento concreto. Atrelado ao podcast, esta variação de entendimentos torna-se interessante, pois permite uma interpretação mais flexível dos contos: Houveram estudantes que entenderam as perspectivas pelo viés da solidão, depressão, fatores raciais, entre outros.
Clique no player e escute uma edição do podcast Fio das Missangas! Por Bianca Camaratta, da turma 192.
Para Afonso Antunes, tais entendimentos se dão por conta da mediação de leituras e entendimentos junto aos alunos. “A grande riqueza do debate de aula é a pluralidade de ideias. Muitas compreensões dos contos não foram nem sugeridas por mim, mas trazidas naturalmente pelos estudantes. O texto literário funciona como um “espelho" do que uma coisa fixa, algo que já te traga uma resposta. Ele permite a de construção de pensamento, autonomia, identidade, entre outros", reflete o educador.
Literatura e identidade
A conclusão desta atividade é em perceber a literatura como local de experiências, novas visões, do que algo simples. Na visão de Afonso, essa atividade permitiu trabalhar a literatura com identidade, uma vez que se pôde mostrar quem os estudantes são, através das obras. “O desafio é pensar a literatura como algo comum, de mundo, não algo de leitura em sala de aula. Quando os alunos entendem que podem fazer dela algo acessível, por meio de podcasts e vlogs, há o entendimento e compreensão que é algo que integre o seu cotidiano!", conclui Antunes.