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É preciso reconectar a infância ao tempo vivido

06/09/2021
Educação
Por Silvia Crestani, orientadora educacional da Educação Infantil

​​Por Silvia Crestani, orientadora educacional da Educação Infantil. Silvia Crestani_EI.png 


É na Educação Infantil que a criança ensaia os primeiros passos para entrada em um tecido social além de sua família. É nesse ambiente que ela amplia seu conhecimento de mundo e se constitui enquanto sujeito fora do ambiente familiar. Salvaguardar esse espaço de vivências, possibilidades e aculturação é premissa básica dos adultos que lhe apresentam o mundo.

Neste contexto desafiador que estamos vivendo, a escola tornou-se ainda mais necessária nessa faixa etária, pois diante da necessidade de isolamento imposto pela pandemia, a concepção de infância, a partir da perspectiva de uma criança potente e investigativa que constrói conhecimento sistematizado por meio da ação, das experiências e nas interações com os seus pares foi, de certa forma, congelada, posta em suspensão à espera de um tempo advir. O espaço da escola é ambiente sagrado, algumas interações e mediações só acontecem no encontro com o outro, na troca e quando as possibilidades são pensadas e planejadas intencionalmente pelos educadores, os especialistas em infância.

É o professor que faz a escuta atenta dos saberes, favorecendo os questionamentos diante do encantamento vivido nas experiências, e que possibilita a transformação de suas observações em objetivos para que as habilidades necessárias para essa faixa etária sejam desenvolvidas. Nas salas de aula, o pulsar da infância precisa de um mediador que dê sentido aos registros e reflexões do cotidiano da escola, favorecendo o desenvolvimento do percurso pedagógico de cada estudante.

É urgente a necessidade de reconectarmos a infância que acreditamos ao tempo que estamos vivendo, com olhar sensível diante do que cada criança viveu em um tempo tão adverso e distante das experiências escolares possíveis. A escola resgata com maestria o espaçotempo do brincar, da interação e do aprendizado, pensando em situações que desafiem as crianças a serem e a estarem no mundo, levando em conta seu olhar de admiração, tornando-as indivíduos que desenvolvem aprendizagens significativas e com apropriação de significados. Manoel de Barros nos diria que é preciso transver o mundo, eu diria que é possível se escutarmos as crianças e seus saberes e, a partir deles, acolhermos a infância em sua total potencialidade.