Por Rubiane Oliva, professora de Educação Física da Educação Infantil e dos Anos Iniciais
Um olhar atento para o desenvolvimento corporal dos estudantes da Educação Infantil, por meio da mediação entre a prática e o processo de aprendizagem, utilizando o corpo como instrumento da construção real do conhecimento é, sem dúvida, muito importante.
Nessa faixa etária, a criança desenvolve os aspectos psicomotores por meio de gestos, atividades e repertório de vivências concretas que se fazem necessários na exploração de conhecimentos relacionados à tomada de consciência do próprio corpo, do esquema corporal, da estruturação espacial, da orientação temporal, do equilíbrio, da lateralidade. Essa estrutura serve de base para o processo intelectivo e de aprendizagem. Além disso, se torna indispensável no desenvolvimento integral e uniforme do estudante.
Por volta dos três anos de idade, as aquisições motoras são consideráveis e as crianças já possuem as coordenações neuromotoras essenciais como andar, correr, pular, rolar, rastejar, utilizados nos jogos e brincadeiras. Esses aprendizados são o resultado da maturação orgânica progressiva e também da experiência pessoal, social e cultural. As crianças vivem intensamente a infância por meio de inúmeras experiências e interações, aprendendo na prática o conhecimento sobre o corpo e o movimento. A infância é um tempo de descobertas, de brincadeiras e de aprendizado.
Assim como destaca um dos nossos documentos fundantes, a linguagem corporal é uma das principais linguagens da infância:
O corpo permite que a criança conheça e reconheça suas sensações, funções corporais e, nos seus gestos e movimentos, identifique suas potencialidades e limites, desenvolvendo, ao mesmo tempo, a consciência corporal e reconhecendo o processo de diferenciação do eu, do outro e de nós na construção de sua identidade. (MATRIZ CURRICULAR DA EDUCAÇÃO INFANTIL PARA O BRASIL MARISTA, 2019, p. 55).
No Marista Rosário, atividades contribuem para o desenvolvimento das crianças
Neste momento em que estamos vivenciando uma nova rotina repleta de cuidados e recomendações, e as atividades escolares foram (re)significadas e desenvolvidas para contribuir com o desenvolvimento saudável dos estudantes, o primeiro passo foi respeitar o espaçotempo, priorizando o crescimento e o desenvolvimento integral do estudante. O segundo passo foi possibilitar uma diversidade de vivências, experiências, sociabilidades, afetos constituídos nas dinâmicas pedagógicas. Nesse sentido, as práticas desenvolvidas até aqui nos remetem a uma contribuição significativa na vida dos estudantes, ampliando os saberes através do protagonismo, garantindo assim os seis direitos de aprendizagem estabelecidos pela Base Nacional Comum Curricular (BNCC) (2017).
Considerando as intencionalidades pedagógicas expressas nos campos de experiências e vinculadas com as práticas cotidianas dos estudantes, estão listadas algumas atividades que contribuem para o desenvolvimento:
Deslocamentos diversos que priorizam o controle e postura corporal.
Explorações individuais com caixa, por meio de movimentações para dentro, fora, frente, atrás, embaixo, em cima, lados direito e esquerdo, desenvolvem o esquema corporal, lateralidade e percepção.
Desafios motores com diferentes materialidades: zig zag, saltos com um e dois pés, caminhar de costas.
Brincadeira do espelho: a partir de gestos reproduzidos pelos estudantes, desenvolve a imagem corporal através da imitação.
Atividades com bambolês: explora cada parte do corpo e movimentos como parafuso, nave espacial, cachorrinho, molinha.
Ginástica dos animais: cria e explora os movimentos dos animais aquáticos, terrestres e voadores.
Alongamentos e flexibilidade: sensibilização e harmonização corporal através das posturas da Yoga, meditação, cuidado de si.
Atividades de equilíbrio locomotor com cordas ou fita crepe: exploração da marcha (andar de frente, de costas, na ponta dos pés, saltar de várias formas).
Atividade de equilíbrio manipulativo com objeto em cada parte do corpo.
Atividades de criação de personagem: mímica desenvolvendo a comunicação e a expressão de ideias e da imagem corporal.
Habilidades manipulativas: lançamento, recepção, preensão e encaixe.
O brincar com diferentes materialidades: desenvolve a autonomia, a criatividade e a imaginação.
Jogos: amarelinha, siga o mestre, coelho sai da toca.
Atividades rítmicas e expressivas com música, explorando os diferentes ritmos.
Dança da estátua: explora várias movimentações do corpo e habilidades locomotoras.
Dança da cadeira adaptada: desenvolve a orientação espacial e habilidades locomotoras.
Como as famílias podem estimular o desenvolvimento corporal em casa?
Estimular o desenvolvimento corporal da criança para além da sala de aula pode ser uma fonte de oportunidades para impulsionar o desenvolvimento. Por vezes, as famílias apresentam dúvidas de como estimular os seus filhos. Vale lembrar que, desde quando a criança nasce, usa sua linguagem corporal para conhecer a si mesma, relacionar-se com os pais, movimentar-se e descobrir o mundo. Essas descobertas feitas com o corpo deixam marcas que são aprendizados afetivos incorporados.
Além disso, a criança aprende brincando. Assim, ela busca as informações desejadas, organiza suas ideias, experimenta sensações. Portanto, brinque com seus filhos, ofereça possibilidades e espaços que serão indispensáveis na construção psicomotora e, consequentemente, na autonomia deles. Algumas práticas são inspiradoras e por mais que pareçam antigas, são divertidas e favoráveis para o desenvolvimento de habilidades. São elas: pular corda, corrida, natação, bambolê, amarelinha, cinco marias, peteca, dedoches, teatro, pular com um pé só, caminhar com os pés descalços em pisos com diferentes níveis e texturas, jogar bola, dançar, esconde-esconde. Da mesma forma, estimular que eles façam suas próprias tarefas do dia a dia como: vestir a roupa, colocar os sapatos, organizar sua mochila, entre outras.
Tudo isso vem demonstrar a importância de propiciar condições para o desenvolvimento motor e integral das crianças. Todo e qualquer brinquedo ou material instrutivo pode ser utilizado, desde que crie condições reais de desenvolvimento como: pensar e desenvolver sua capacidade criadora, ter iniciativa própria, despertar sua alegria ao experimentar e descobrir, ampliar a capacidade de expressão, estabelecer vínculos e consciência de vida grupal.
Referências:
BNCC, Ministério da Educação. Base nacional Comum Curricular, Brasília: MEC, 2017. Disponível em: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/. Acesso em: agosto, 2021.
UNIÃO MARISTA DO BRASIL. Matriz Curricular da Educação Infantil para o Brasil Marista. 2019. Disponível em: http://www.umbrasil.org.br/wp-content/uploads/2019/05/Matriz-curricular-da-ed-infantil.pdf. Acesso em: agosto, 2021.
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