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Descubra o porquê escrever à mão é importante

02/12/2020
Nosso jeito de educar
Compreender, conhecer e trabalhar o próprio corpo são requisitos essenciais para a aprendizagem

​​​​​Crianças que nasceram com acesso à tecnologia aprendem a manusear celulares e tablets antes de mesmo de ler e escrever. Este cenário tende a desvalorizar a escrita à mão, mas é importante lembrar que a prática muda a forma como o cérebro progride e tem impacto direto na alfabetização, além de contribuir com o desenvolvimento psicomotor.

Na fase de descoberta da letra cursiva, os estudantes do 2º ano do Ensino Fundamental passaram por um processo de aprendizagem adaptado ao distanciamento social imposto pela pandemia. As turmas receberam em casa, com todos os protocolos de higiene necessários, o Caderno Poético da Letra Cursiva, material elaborado coletivamente pela equipe pedagógica do Colégio, contendo o traçado de todas as letras feito por uma das professoras, QR Codes com vídeos tutoriais, régua das letras como referência e o poema da professora e escritora Lelé Guerra, A nossa letra.

Como motivação, o impresso foi acompanhado também por um recado de cada professora escrito à mão, desafiando os estudantes a ler e iniciar o processo de familiarização com a letra cursiva. “Como marco das ações da letra cursiva, realizamos atividades alinhando o trabalho de grafomotricidade com o de ritmo. Com farinha ou areia em um recipiente, exploramos movimentos como os realizados na atividade com linhas, visando a prática dos traçados em diferentes materiais”, explica a professora Vanessa Oliveira.​

Durante as aulas, um dos desafios para as professoras foi não estar presente fisicamente com o estudante para realizar as intervenções diretas. “Para isso, buscamos alternativas: as crianças foram convidadas a mostrarem seus registros por meio da tela e contamos com a parceria das famílias que fotografam e encaminham os registros por e-mail, auxiliando no acompanhamento das escritas”, conta.

Educação Física como aliada

Compreender, conhecer e trabalhar o próprio corpo são requisitos essenciais para a aprendizagem, pois incentivam a adaptação da criança ao mundo exterior, adequação ao meio, organização do pensamento e fortalecimento do tônus muscular, auxiliando na construção das habilidades no processo da letra cursiva. Por isso, as aulas de Educação Física foram fundamentais para que os estudantes pudessem vivenciar com o corpo, as figuras e o formato das letras. 

Deslocamentos locomotores por desenhos no chão, circuitos motores conduzindo e manipulando objetos em posição de pinça para estimular a memória motora, reproduções com giz de cera ou lápis de cor, incluindo a simetria, utilizando os lados do corpo para que os estudantes percebessem sua dominância lateral, alongamentos e mobilizações articulares foram utilizados na preparação e consciência do corpo no momento das atividades. Essas tarefas, chamadas de grafomotricidade, constituem um conjunto de funções neurológicas e musculares que possibilitam de forma efetiva os movimentos da escrita.

“Essas ações, quando realizadas em sintonia com o planejamento pedagógico coletivo, se tornam aliadas no processo educativo e sua importância se torna evidente. Entendemos que o desenvolvimento motor está vinculado ao conjunto de movimentos e suas relações com áreas psicomotoras, ou seja, a percepção, coordenação motora, tônus muscular, orientação espacial, orientação temporal, equilíbrio, dominância lateral e lateralidade são habilidades que, quando desenvolvidas normalmente, são promotoras ao incentivo à escrita”, explica a professora de Educação Física, Rubiane Oliva. 

Importante ressaltar que os elementos básicos psicomotores são desenvolvidos gradativamente desde a Educação Infantil, com vivencias exploratórias, locomotoras, manipulação de objetos, esquema corporal e consciência do corpo de uma forma lúdica com a intenção de ampliar o repertório motor e o controle dos movimentos.​

Suporte e orientação da família são essenciais

A mãe do estudante do 2º ano do Ensino Fundamental, Licia K., conta com foi o progresso de Leonardo: “O Léo é um menino muito curioso, portanto, desde que ficou sabendo que iria aprender letra cursiva, ficou muito empolgado. Assim que o assunto começou a ser trabalhado nas aulas, ele já começou a juntar as letrinhas cursivas e escrever algumas palavras e os nomes dos seus familiares. Em casa, estamos dando o suporte e orientações em relação ao uso da letra cursiva. Por sua própria conta, ele tem usado esse tipo de letra em todas as aulas, sempre inicia a aula com a régua das letras do material enviado ao lado e a utiliza durante sua escrita. Percebemos que ele está bem contente e a cada palavra ou frase que escreve vem nos mostrar para saber o que pode melhorar. Observamos que o mais difícil é que ele escreva com a letra exatamente no tamanho da linha, ou seja, encostar na parte de cima e de baixo, mas percebemos muito progresso a cada dia.”

Como as famílias podem ajudar os filhos no processo de aprendizagem da letra cursiva? 

Por Vanessa Oliveira

• Dialogar com seu filho sobre a importância de manter calma, atenção e paciência. Enfatizar que errar faz parte do processo de aprendizagem.

• Praticar o traçado das letras já estudadas em recipiente com areia ou farinha

• Ginástica dos dedos -  Tocar a ponta dos dedos (indicador, médio, anelar e mínimo) na ponta do polegar, um de cada vez.

• Barbante (50 cm) - Realizar vários nós o mais próximo possível e posteriormente desfazer os nós.

• Colocar várias moedas em uma superfície plana. Pegar uma moeda de cada vez (movimento de pinça).