Navegar para Cima

Notícias

O que você aprendeu hoje na aula de inglês?

25/10/2021
Nosso jeito de educar
Artigo da professora Manoela Klauss aborda questões sobre a aprendizagem da Língua Inglesa

Por Manoela Klauss, professora de Inglês da Educação Infantil e dos Anos IniciaisManoela.png​​

Uma frequente inquietação dos pais: os filhos não saberem contar o que aprenderam na aula de inglês. Será que a criança não está prestando atenção? Não está aprendendo? Não está fazendo as atividades propostas?

O que podemos afirmar, com segurança, é que não há motivos para essa preocupação. É assim que se dá o processo de aquisição da língua. Durante um determinado tempo, que pode ser mais ou menos longo, a criança passa por um “silent period”. É o que podemos traduzir para período silencioso. Trata-se de um intervalo de tempo importante em que o estudante desenvolve competências linguísticas através da escuta ativa.

Disponibilizar esse tempo de silêncio enquanto as habilidades de audição e compreensão estão sendo amplamente desenvolvidas pode ser extremamente benéfico ao aluno. É importante destacar que as oportunidades para a prática da segunda língua são menores e inatas ao nosso pequeno aprendiz. Para muitos, o contato com a língua ocorre apenas nas aulas.

De certa forma, essa criança que hoje está caminhando para tornar-se falante do segundo idioma, quando aprendeu a sua língua materna também teve seu período silencioso enquanto recebia uma enxurrada de estímulos orais, auditivos e sensoriais.

Durante seus dois primeiros anos de vida, o bebê apenas escuta, observa e balbucia os primeiros sons. Aos poucos, as primeiras palavras são pronunciadas, geralmente, aquelas que eram ouvidas desde a barriga, como “mamãe” e “papai”.

A principal característica dessa etapa é que, após alguma exposição inicial à língua, o aprendiz é capaz de compreender muito mais do que pode produzir. Podemos ver isso facilmente em bebês de dois anos também! Você pode falar com eles normalmente e eles poderão interpretar tudo o que você disser. No entanto, mesmo se eles quisessem dizer exatamente o que você disse, não seriam capazes. Eles podem usar algumas de suas palavras, mas é impossível expressar suas ideias de uma forma tão organizada quanto a sua.

Esta memória nos remete a outras estratégias para aquisição da língua: repetição, mímica, músicas… Também é possível iniciar uma frase na expectativa da conclusão. Ex.: “Está na hora de tomar…”, e a criança terminar com: “banho”.

Estudos apontam que o bebê que vive em um ambiente familiar bilíngue, onde é exposto ao mesmo volume de informações em dois idiomas diferentes (por exemplo: a mãe fala em português e o pai, em inglês), pode demorar mais para iniciar a fala, não por um atraso no seu desenvolvimento, mas sim porque seu cérebro está acomodando os dois idiomas diferentes. Assim sendo, sua organização linguística levará mais tempo.

Voltando à sala de aula, vamos refletir sobre a situação a seguir, comum no ambiente escolar: “Estamos trabalhando o presente simples há mais de dois meses. Temos feito exercícios, muitas repetições, criamos situações reais para dar vida à linguagem e, ainda assim, os estudantes produzem pouco ou nada!” ou “Como eles podem não saber disso depois de fazermos tanto por mais de três semanas?” Minha resposta é a mesma: basta dar-lhes mais tempo.

Com o passar do tempo, desde que nossos alunos estejam em um ambiente verdadeiramente comunicativo, eles começarão a produzir o que não estão produzindo agora.

E como ajudar de maneira prática? 

Ao invés de perguntar: “O que aprendeu hoje no inglês?” inicie com um “Hello!”

Aponte imagens familiares como as de um cachorro (dog) ou de uma flor (flower) e inicie sentenças: “This is a _____”.

Pergunte o que você sabe que está consolidado ou ofereça opções como: “What color is this apple? Red or Blue?”

Promover espaços e momentos de fala em outra língua é o que vai aumentar o tempo de exposição ao idioma e motivar o aprendiz a se arriscar. Como destaca Stephen D Krashen: "Ensinamos o idioma melhor quando o usamos para o que foi projetado: comunicação."

Não podemos esquecer que existe o lado afetivo na aquisição de uma língua. Pesquisas recentes mostram como a linguística, a cognição e o afeto estão interligados durante o processo de aquisição de uma segunda língua.

Professores podem fazer a diferença na motivação, nos níveis de ansiedade e na autoconfiança dos alunos, através de um ensino afetivo, que pode variar do tradicional e das metodologias centradas no aluno à estratégias de orientação humanizadas.

Afeto e uma relação amigável entre o professor e o aluno proporcionam a estrutura necessária na qual o professor tem um papel não autoritário e não diretivo, e as atividades são centradas no aluno. O ensino afetivo, então, representa a esperança de aperfeiçoar as atitudes, a motivação, a autoconfiança e os níveis de ansiedade e, consequentemente, o empenho tanto de alunos como de professores em fazer de uma boa aula, uma ainda melhor.

​É tempo de ser marista! Conheça nossos diferenciais