O Marista São Francisco promove, desde o ano de 2016, o Seminário da Educação Infantil com o objetivo de integrar as escolas de Educação Infantil do Rio Grande, por meio de encontros que abordam aspectos relacionados ao ensino nesse nível de ensino. Neste ano, com a necessidade do isolamento social, devido à pandemia do novo coronavírus, o encontro ocorreu de forma online, em formato de webinar, possibilitando que mais de 150 educadores da cidade, outros municípios e estados participassem do momento de formação.
A Webinar da Educação Infantil abordou a temática “Desafios e estratégias de aprendizagem das crianças na Educação Infantil” e, para falar sobre o assunto, recebemos a Psicóloga Educacional e Pós-doutoranda em Educação pela PUCRS, Gabriela Dal Forno Martins que trouxe reflexões importantes sobre as formas de aprendizagem das crianças.
Para falar sobre a temática, Gabriela Dal Forno apresentou vídeos que mostraram as crianças em diferentes momentos e analisou as experiências vividas por elas. Para Gabriela, a primeira forma e uma das mais importantes de aprendizagem das crianças é vivendo as relações íntimas, estáveis e de confiança com alguns adultos, mas para que isso aconteça é necessário que esta relação tenha regularidade. Nas relações íntimas as crianças têm a oportunidade de aprender, com o apoio de outra pessoa, a se reconhecerem como alguém único construindo a sua própria autonomia.
Na primeira infância, muitas aprendizagens se dão a partir das interações que as crianças estabelecem umas com as outras. Mesmo nos bebês é possível ver histórias construídas por eles com sequência de interação em que um influencia o comportamento do outro e, aos poucos, as interações vão se tornando mais complexas. Quando da interações entre as crianças, são criadas culturas próprias que não dizem respeito ao mundo adulto, portanto elas vivem aprendizagens que são únicas e que só se ocorrem nessas construções conjuntas; elas criam mundos que o adulto não conhece, palavras, regras que não fazem parte do nosso mundo e isso oportuniza e impulsiona seu desenvolvimento de uma maneira que, muitas vezes, não está no nosso controle, ressalta Gabriela.
Outra forma de a criança pequena aprender é agindo sobre o mundo e sobre os objetos do mundo. No início, para aprender, as crianças precisam pegar, tocar, atirar, levantar e depois que eles dominam determinada função repetem e, aos poucos, à medida em que a criança desenvolve a capacidade de imaginar e de simbolizar essa ação, no mundo, continua. Além de a criança agir diretamente nos objetos concretos do mundo, ela passa agir no pensamento, ela interioriza a ação e passa a pensar sobre o mundo, ela pode brincar de estar cavalgando sem ter nenhum cavalo, mas ainda assim é a ação sobre o mundo, portanto, para aprender, as crianças precisam estar na ação sobre o mundo, ainda que depois a ação também seja interiorizada em pensamento, enfatiza Gabriela.
Após analisar e refletir sobre as aprendizagens, Gabriela resume que as crianças para aprenderem de forma significativa precisam de relações íntimas e de confiança com os adultos, de relações entre crianças e de ação de mundo. As crianças aprendem convivendo, brincando, participando, explorando, se expressando e se conhecendo. Mas como podemos recriar tudo isso no ambiente virtual e no modelo remoto? É possível oportunizar essas experiências de aprendizagem nesse modelo? E no retorno às aulas presenciais vamos conseguir garantir também esses direitos de desenvolvimento e aprendizagem?, questiona.
Para responder a esses questionamentos, Gabriela trouxe exemplos de experiências que as crianças podem ter no ambiente familiar, mostrou alguns elementos do cotidiano da casa valorizando com as crianças maiores as fotografias, os baús e os escritos que as famílias têm em casa. Para as crianças menores, as caixas e malas são elementos que podem ser aproveitados para criar contextos de experiências. A educadora destaca a valorização das experiências cotidianas com materiais simples, a personalização do processo no sentido de acompanhar as experiências de cada criança e, junto com a família, construir esse caminho de desenvolvimento e aprendizagem.
Comenta também sobre as escolas que se dispuseram a construir uma forma de trabalho que fosse coerente com a forma de as crianças pequenas aprenderem. “Fizeram uma grande conquista e eu torço muito para que não se percam no retorno das atividades presenciais; não podemos deixar o que construímos para trás, em especial essa relação próxima e menos institucionalizada com as famílias”.
Ao final da apresentação, a psicóloga educacional indaga os educadores: Qual seria a escola dos sonhos no retorno às atividades presenciais e como garantir que as crianças possam seguir vivendo as melhores experiências de aprendizagem? “A escola dos meus sonhos no retorno é uma escola que valoriza como nunca toda a gestualidade do adulto como forma de acolhimento da criança, é uma escola que oportuniza essas experiências e acredita na potência da criança, ela vai mostrar os caminhos para que a gente, a partir disso, faça a mediação adequada para aprofundar esses conhecimentos,” finaliza Gabriela.
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