Em tempos de distanciamento, os livros são uma ótima alternativa para “viajar” sem sair de casa. No Reino Unido, por exemplo, a busca por novos títulos avançou 33% em relação ao mesmo período do ano passado, ao passo que as vendas online cresceram 400% ante 2019.
O cenário da Europa, contudo, difere bastante da realidade do Brasil. De cada 10 brasileiros, três nunca compraram um livro. O volume de leitores representa 56% dos entrevistados, sendo que o número médio de títulos consumidos num ano é de apenas 4,96.
As informações constam na quarta edição do estudo Retratos da Leitura no Brasil, encomendado pelo Instituto Pró-Livro e realizado pelo Ibope, com dados colhidos entre 2011 e 2015. Enquanto uma nova versão do levantamento é aguardada para 2020, é preciso lidar com a realidade atual que aponta para a falta de estímulo.
Porém, nem todos os dados devem ser interpretados com pessimismo. Adolescentes entre 11 e 13 anos são o grupo que mais lê por prazer (42% deles). Logo atrás, vêm as crianças entre 5 e 10 anos (40%). O interesse, muitas vezes, parte de uma capa instigante ou de dicas dos professores.
Importância da leitura na infância
Histórias infantis despertam sentimentos diversos. Ao compararem situações imaginárias à realidade cotidiana, as crianças passam a compreender melhor o contexto onde estão inseridas. Esse é um impulso para desenvolver a interpretação textual, a criatividade e o pensamento crítico.
Dessa forma, o aprendizado por meio de textos literários extrapola o campo linguístico, contribuindo para a percepção de elementos estéticos e lúdicos presentes na fantasia, permitindo que o leitor passe a fazer conexões diversas, consigo, com o outro e com o mundo.
Outro benefício da leitura é a melhora da atenção seletiva. Quando estão imersos em um livro, os jovens tendem a se desconectar das distrações externas. Isso auxilia no aumento do poder de concentração, esperado na execução de tarefas mais complicadas.
Ainda, ler com frequência expõe o indivíduo a variados campos semânticos e fonéticos, o que influencia a habilidade ortográfica e a extensão do vocabulário. Quem conhece bem o próprio idioma não tem dificuldades em adequar-se ao padrão normativo da língua, sendo capaz de comunicar-se em todo ambiente.
Como incentivar o gosto pela leitura
Antes mesmo da alfabetização, as crianças já podem ter contato com livros. Feiras, bancas de jornal, bibliotecas e, claro, a própria casa são espaços para manusear e brincar com as páginas.
Há exemplares confeccionados em material maleável e resistente, como plástico e tecido. Esses são próprios para a primeira infância.
Contar histórias também aguça o interesse. Além de narrá-las, os adultos devem continuar a conversa. Perguntar qual é o personagem mais engraçado ou de que outra forma o conto poderia acabar são maneiras de construir significado, instigando a reflexão.
O comportamento da família pode ser um incentivo a mais. Confira algumas sugestões:
1. Ter livros à disposição
A facilidade ao acesso pode abrir portas para uma leitura regular. Livros ao lado da cama e na mesa de centro da sala atiçam a curiosidade. O importante é que eles sejam adequados à faixa etária e estejam próximos, assim como os brinquedos.
O equilíbrio entre gravuras e texto é pensado para cada fase do desenvolvimento infantil. Narrativas longas e rebuscadas podem frustrar um leitor iniciante.
2. Ler em conjunto
Filhos aprendem pelo exemplo. Se percebem que os adultos consomem jornais, revistas e livros por prazer, também adotarão esse gosto.
Quando a criança ainda tropeça nas letras, os responsáveis podem pedir para que ela leia pequenos trechos de uma reportagem em voz alta. Aos poucos, ela conquistará confiança para continuar sozinha. Algumas publicações oferecem, inclusive, encartes infantis ou resumos facilitados das notícias.
3. Estender a leitura a outras atividades
Caso a família se reúna na cozinha para preparar um bolo, o de menos idade pode ler a receita. No retorno às aulas presencias, ele fica encarregado de ler as placas e indicar o caminho durante o percurso até a escola. A ideia é propor atividades prazerosas, que incorporem novas informações ao cotidiano sem sobrecarregar o aprendizado.
4. Criar uma história
Inverter a lógica literária, convidando a criança para exercer o papel de autor, é uma alternativa interessante para seguir a jornada pelo imaginário. Em família, é possível pensar que tipo de história seria legal contar, quem seriam os personagens, o tempo, o espaço, sem esquecer de colocar tudo em prática.
5. Faça uma lista dos favoritos
Selecionar os títulos que são mais significativos para a criança também a ajuda a reconhecer seus gostos. Questionar sobre o que há de mais especial naquele livro preferido a ajudará a procurar novas obras que sejam do seu interesse, fazendo com que ela continue seu percurso literário.
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