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A aprendizagem em tempos de pandemia

21/08/2020
Educação
Especialistas abordam o processo de ensino de crianças e adolescentes e como fortalecemos novas habilidades nesse período atípico

​​O constante e acelerado processo de transformação faz parte do mundo em que vivemos. Essa constatação resulta na necessidade de ressignificar diferentes aspectos de nossas vidas. Em um momento tumultuado, nós, maristas, com mais de dois séculos de atuação, esforçamo-nos para reaprender e, igualmente, entendemos que esse é um desafio para todas as famílias.  

Com a convicção de que a educação é um processo coletivo, pedimos que os familiares de nossos estudantes respondessem a uma pergunta-chave: quais são os principais desafios na educação de seus filhos? A partir dessa participação, surgiu o projeto Em Família, que convida especialistas de diferentes empreendimentos da Rede Marista para debater e refletir sobre as principais dúvidas que surgiram. O primeiro tema abordado é Aprendizagem e como [re]aprendemos durante a pandemia.  

A maneira pela qual a aprendizagem acontece envolve nossos sentidos, nossa capacidade de pensamento, nossas emoções e nossos repertórios internos. Perante a um novo objeto de conhecimento, somos impulsionados a atribuir sentido e a construir uma interpretação que nos possibilite o entendimento desse conhecimento. Após essa primeira dinâmica etapa, o conhecimento é internalizado, tornando-o próprio. 

De acordo com o pesquisador do Instituto do Cérebro do Rio Grande do Sul (InsCer) Augusto Buchweitz, é fundamental manter ritmo de estudos mesmo durante um período atípico como o que estamos vivendo: “a aprendizagem deve ser a mais contínua possível. A gente precisa tentar manter o nosso cérebro em movimento”, define.  

Rochele Fonseca, pesquisadora em Neuropsicologia na PUCRS, concorda. Ela explica que o processo de aprendizagem demanda mais autonomia dos estudantes nesse momento. “Esse automonitoramento é uma função cognitiva do lobo frontal do cérebro, ou seja, o conjunto de habilidades mais complexas e cujo desenvolvimento pode ser finalizado os até 30 anos, dependendo da pessoa”, contextualiza. Para contribuir com esse desenvolvimento, os pais precisam identificar até onde os filhos conseguem ir sozinhos, e permitir que eles se tornem mais experientes e formem esse hábito, de acordo com a especialista. 

Organização e suporte familiar 

Para facilitar esse desenvolvimento, é essencial que os pais fortaleçam a autonomia dos filhos, fornecendo as ferramentas para que os estudantes alcancem suas próprias respostas, conforme conta Cristiann Matos, coordenador pedagógico do Colégio Marista Roque. “Um dos papéis principais que a gente pode perceber é fornecer um ambiente adequado, a motivação pra esses estudos, através de auxílio na construção de hábitos de estudo saudáveis, motivação e auxílio de ferramentas pra superar esses obstáculos”, declara. 

Uma parte importante do processo é a construção de uma rotina de estudos. "Faz muito sentido os pais organizarem um cronograma de tarefas”, comenta Caroline Garziera, 

Coordenadora Pedagógica do Colégio Marista Rosário. “Mas é importante ter em mente que essa rotina não será idêntica àquela seguida no colégio, pois no ambiente escolar existe o contexto da interação social, o que torna os tempos diferentes”. Ao mesmo tempo que essas tarefas podem ser organizadas pelos pais, é essencial que eles tenham a sensibilidade de não preencherem toda a tarde com atividades cognitivas e dirigidas, justamente pela ausência da relação com seus pares. 

[re]Aprendizagem durante um período atípico 


O momento em que vivemos tem motivado educadores, famílias e estudantes a criarem, juntos, maneiras inovadoras de construir conhecimentos. Isso significa transpor os limites físicos de uma sala de aula e pensar de forma integrada, conectando-se, igualmente, ao mundo virtual. Agora, as vivências e práticas pedagógicas mais do que nunca precisam ser pensadas de forma híbrida e múltipla, como lembra a coordenadora pedagógica do Colégio Marista Santo Antônio, Andressa Gomes.  

“Apesar dos desafios, o processo educativo não pode parar. Graças ao trabalho de todos, e em especial dos professores, mesmo com a transformação da rotina pessoal e profissional, muitos esforços estão sendo envidados para assegurar as aprendizagens previstas para cada ano, turma e estudante”, explica a educadora, em uma referência às atividades realizadas tanto presencialmente, na escola, quanto virtuais, em casa, em decorrência do cenário de pandemia. 

A coordenadora destaca ainda que para proporcionar um processo de [re]aprendizagem durante um período atípico, as iniciativas e projetos precisam, igualmente, conectar estudantes, famílias e colégio, estabelecer momentos de escuta, afetividade e empatia independentemente do espaço, ambiente ou modalidade na qual está o nosso educando.  Nas palavras do diretor do Marista Santo Antônio, Irmão Claudiano Ticher, “nossa proposta assume uma concepção voltada à educação integral, de modo a educar nossos estudantes para a solidariedade, formando agentes de transformação social e encorajando-os a assumir sua responsabilidade pelo futuro da humanidade”. 

“Em tempos de desafios, como este de um permanente [re]aprender, seguimos firmes em nossa missão, ressignificando o que fazíamos e inspirando novos itinerários formativos de um currículo que vem se modificando a cada dia, através do nosso olhar cuidadoso”. ​